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Tradicionalismo
ou Tradicionalista? tra.di.ci.o.na.lis.ta Dada a definição das duas palavras pelo dicionário, começo pela primeira. A respeito dos “usos antigos” penso que ser bem educado, ter uma formação profissional, adquirir habilidades musicais, saber escrever, saber dançar, acima de tudo respeitar o que é diferente, são tradições tão antigas e desejadas que até hoje são almejadas pela sociedade a qual vivemos. Quero dizer com isso que todas as pessoas têm algum tipo de “tradicionalismo” sendo ele gaúcho, ou não. Sobre o “sistema de crença” considero importante o respeito por qualquer e todo ser humano. Por que todos somos criados e educados de uma maneira única, às vezes com o objetivo de se adaptar a uma cultura social ou não. Ou ainda, determinadas características que são fortes em uma região acabam não prevalecendo sobre outras, apesar de serem consideradas como tradicionais. A
partir desses conceitos pessoais penso que é conveniente fazer um comentário
sobre o que aconteceu em Joinville no mês de Julho/03. O baile do Tchê
Barbaridade do dia 05, pode ter sido um dos melhores bailes do ano para alguns
tradicionalistas, mas o fato de tocar “Éguinha Pocotó” é uma falta de
criatividade das mais excepcionais. Imaginem tocar “É sábado o dia” num
baile funk? Será que um DJ consegue fazer sucesso em SP ou RJ com esse repertório?
Quando um grupo gaúcho toca no Sítio Novo certamente é esperado uma certa
postura tradicionalista. Quem conhece a história do grupo sabe que o repertório
é dos melhores. Mas
voltando ao dicionário, vamos ao tradicionalista. Esse é uma “pessoa partidária”,
por mais que ela se faça presente nos bailes, use sempre pilchas novas, esteja
aprendendo a tocar acordeom ou estiver se formando num curso de dança gaúcha
de salão, isso tudo junto significa apenas uma parte da tradição, quer dizer
para ser um tradicionalista dentro da cultura gaúcha é algo que beira o impossível. É
claro que se for deixar levar pelo lado consumista talvez os comerciantes ficarão
contentes em vender algo a mais e dizer que é aquilo ali e pronto. O
segundo conceito sobre tradicionalista onde o dicionário caracteriza como uma
“Pessoa que preza muito as tradições.”, o dicionário não define que tipo
de tradições são essas. Aqui devemos tomar muito cuidado para não
interpretar em “excesso” o significado da palavra tradicionalista por causa
da palavra “muito”. Ainda
quero fixar que é possível criar dentro da cultura gaúcha. Fazer algo
diferente usando as características principais, um passo a mais em determinada
dança, por exemplo. Uma tradição não significa uma obrigação, algo que está
engessado e que nunca poderá ser mexido, o mais importante é o respeito pelas
diferentes maneiras como nós expressamos os nossos sentimentos, ou as tradições
pessoais de cada um. “Enquanto
a boiada vai passando”, os bailes, os rodeios, as invernadas, “éguinhas
pocotó” e outras coisas mais, nós também vamos amadurecendo e enxergamos a
diferença entre tradicionalismo, consumismo e modismo. Mas isto é assunto para
outra vez. Segundo
as minhas fontes o Patrão Velho não deixou nenhuma “bíblia” e nem faz
questão de “converter” os seres humanos em gaúchos, isso pode ser bom ou
ruim, a escolha depende somente de nós. Para
adquirir um pouco mais da boa cultura gaúcha, recomendo ouvir: Os
Tiranos – gaúchos do litoral (vanera) Marcel Anton - marcelcpd@hotmail.com |