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Tradicionalismo ou Tradicionalista?

Termo do dicionário UOL Michaelis:

tra.di.ci.o.na.lis.mo

s. m. 1. Apego às tradições ou usos antigos. 2. Sistema de crença fundado na tradição.

tra.di.ci.o.na.lis.ta
adj. Relativo ao tradicionalismo. S. m. e f. 1. Pessoa partidária do tradicionalismo. 2. Pessoa que preza muito as tradições.

Dada a definição das duas palavras pelo dicionário, começo pela primeira.

A respeito dos “usos antigos” penso que ser bem educado, ter uma formação profissional, adquirir habilidades musicais, saber escrever, saber dançar, acima de tudo respeitar o que é diferente, são tradições tão antigas e desejadas que até hoje são almejadas pela sociedade a qual vivemos. Quero dizer com isso que todas as pessoas têm algum tipo de “tradicionalismo” sendo ele gaúcho, ou não.

Sobre o “sistema de crença” considero importante o respeito por qualquer e todo ser humano. Por que todos somos criados e educados de uma maneira única, às vezes com o objetivo de se adaptar a uma cultura social ou não. Ou ainda, determinadas características que são fortes em uma região acabam não prevalecendo sobre outras, apesar de serem consideradas como tradicionais.

A partir desses conceitos pessoais penso que é conveniente fazer um comentário sobre o que aconteceu em Joinville no mês de Julho/03. O baile do Tchê Barbaridade do dia 05, pode ter sido um dos melhores bailes do ano para alguns tradicionalistas, mas o fato de tocar “Éguinha Pocotó” é uma falta de criatividade das mais excepcionais. Imaginem tocar “É sábado o dia” num baile funk? Será que um DJ consegue fazer sucesso em SP ou RJ com esse repertório? Quando um grupo gaúcho toca no Sítio Novo certamente é esperado uma certa postura tradicionalista. Quem conhece a história do grupo sabe que o repertório é dos melhores.

Mas voltando ao dicionário, vamos ao tradicionalista. Esse é uma “pessoa partidária”, por mais que ela se faça presente nos bailes, use sempre pilchas novas, esteja aprendendo a tocar acordeom ou estiver se formando num curso de dança gaúcha de salão, isso tudo junto significa apenas uma parte da tradição, quer dizer para ser um tradicionalista dentro da cultura gaúcha é algo que beira o impossível.

É claro que se for deixar levar pelo lado consumista talvez os comerciantes ficarão contentes em vender algo a mais e dizer que é aquilo ali e pronto.

O segundo conceito sobre tradicionalista onde o dicionário caracteriza como uma “Pessoa que preza muito as tradições.”, o dicionário não define que tipo de tradições são essas. Aqui devemos tomar muito cuidado para não interpretar em “excesso” o significado da palavra tradicionalista por causa da palavra “muito”.

Ainda quero fixar que é possível criar dentro da cultura gaúcha. Fazer algo diferente usando as características principais, um passo a mais em determinada dança, por exemplo. Uma tradição não significa uma obrigação, algo que está engessado e que nunca poderá ser mexido, o mais importante é o respeito pelas diferentes maneiras como nós expressamos os nossos sentimentos, ou as tradições pessoais de cada um.

“Enquanto a boiada vai passando”, os bailes, os rodeios, as invernadas, “éguinhas pocotó” e outras coisas mais, nós também vamos amadurecendo e enxergamos a diferença entre tradicionalismo, consumismo e modismo. Mas isto é assunto para outra vez.

Segundo as minhas fontes o Patrão Velho não deixou nenhuma “bíblia” e nem faz questão de “converter” os seres humanos em gaúchos, isso pode ser bom ou ruim, a escolha depende somente de nós.

Para adquirir um pouco mais da boa cultura gaúcha, recomendo ouvir:

Os Tiranos – gaúchos do litoral (vanera)
Leonardo – viva a bombacha (vanera)

Marcel Anton - marcelcpd@hotmail.com

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