|
OS DIFERENTES RITMOS E ESTILOS DAS DANÇAS GAÚCHASO ChamaméComo definiu o compositor e
acordeonista Antonio Tarragó em "Soy el Chamamé", este gênero
musical é a própria alma de Corrientes (província Argentina). Chegou no
Brasil pelo Rio Uruguai e sendo difundida pelas rádios argentinas no interior
do Rio Grande do Sul, dando a conhecer valores como Ernesto Montiel e Tarragó
Ros (pai) e muitas outras "legendas do Chamamé". Na realidade
"el Chamamé" foi um feliz "contrabando" que chegou para
fazer parte de nossa cultura. Este ritmo vem tomando lugar no coração dos gaúchos
de uma décadas para cá. A interpretação do chamamé pode ser
a solo ou em duo, sendo essa modalidade vocal mais apreciada. Podendo ser dançado
aos pares ou sapateado em sua origem, o chamamé no Rio Grande do Sul se
diferenciou na maneira que os bailadores daqui deram a este ritmo. Importante
ressaltar é a versatilidade deste gênero, que vai desde um calmo chamamé -
canção em tom maior ou menor, a um chamamé bem bagual em andamento bastante rápido
quase uma polca. Vinculado ao chamamé está essa manifestação denominada
"Sapukay" que nada mais é que o grito dado espontaneamente pelos
chamameceros no momento em que lhes dá gana ou no final de cada tema. O
Bugio Com seu balanço bem compassado o
Bugio, este genuíno ritmo rio grandense tem sua origem reclamada por dois municípios,
que tratam de divulgá-lo através de seus festivais: São Francisco de Assis
(fronteira oeste) e São Francisco de Paula (região serrana) se
consideram pais do Bugio. Não nos cabe tomar partido nessa salutar pendenga
cultural. O certo é o processo de criação do Bugio foi inspirado no
"ronco" do bugio, macaco que habita nossas matas, correndo sério
risco de ser extinto. Da imitação desse ronco reproduzido pelo acordeom foi
criado um novo ritmo que teria em São Chico de Assis, São Chico de Paula e de
toda a região serrana um solo fértil para seu desenvolvimento. A maneira de
dançar o Bugio também é inspirada nos movimentos desse macaco. Como já nos
cantara o fabuloso conjunto Os Serranos:
"Dançar o Bugio é bom / É a dança do rincão / No compasso do
Bugio / Estremece o coração!!" A
Milonga Milonga ritmo que pulsa no coração
do Pampa. A palavra Milonga é de origem Bantú (povo que se localiza entre o
Congo, parte da Angola e Zaire). Na África designa-se "Milongo" como
um feitiço de amor, que as moças utilizam para atrair seus pretendentes.
Costuma-se dizer: - Essa menina me fez um Milongo! A apresentação da Milonga
em versos é feita de várias maneiras, sendo elas em quartetos, sextilhas,
oitavas e décimas. O artista Atahualpa Yupanqui proclama: "Existem
três diferentes Milongas: La Uruguaya, La Argentina y La Rio Grandense, que es
la más floreada de las três" "... eran Milongas pausadas, en tono de
Do Mayor o Mi Menor, modos utilizados por los paisanos para decir las cosas
objetivas, para narrar con tono lírico los sucesos de La Pampa" "...
así en infinitas tardes, fue penetrando en el canto da la lanura, gracias a
essos paisanos. Elos fueron mis maestros. Ellos y luego multitud de paisanos que
la vida me fue arrimando con el tiempo. Cada cual tenía "su" estilo.
Cada cual expresaba, tocando o cantando los assuntos que la Pampa le dictava".
(El Canto del Viento, I) Voltando à origem do ritmo da milonga nos deparamos
com a célula rítmica encontrada em Cuba na "Contradanza Francesa",
na "Danza Cubana" e na "Habanera". A mesma célula rítmica
também chamada "Ritmo de Tango" ou "Tango Congo". A
Milonga Arrebaleira Como o próprio nome diz: Milonga del
"Arrabal" (urbana). Esta é a Milonga que mudou-se do campo para
cidade, transformando-se em baile, muito apreciada nos bailes riograndenses. Por ser uma milonga de origem urbana,
a temática estende-se desde o campo até a cidade, falando de temas de amor e
cotidiano. A execução ao violão, já não é arpejada como a Milonga mas
rasgueada como no Tango dando assim um ar mais bailável. A
Rancheira Segundo Paixão Cortes e Barbosa Lesa,
"a rancheira se constitui de uma variante pampeana da Mazurca... Popular na
Argentina, Uruguai e Brasil" (Manual de Danças Gaúchas, pág. 95). Já a
Mazurca, segundo o maestro Bruno Kiefer, em seu livro Música e Dança Popular,
sua influência na música erudita, é uma das danças nacionais polacas,
originalmente cantada e dançada. É a três tempos, com uma característica
acentuação no segundo tempo. Através da Alemanha espalhou-se na Europa, nos
meados do século XIX, fixando-se em Paris (Dic. De Música - Tomás Borba e
Fernando Lopes Graça, Editora Cosmos Lisboa, 1965). Paris, centro cultural da
época, se encarrega de difundir a nova dança, já com características
modificadas. Chega ao Brasil, ao que parece, após a polca. Segundo Paixão Cortes, a 1ª
rancheira de sucesso no RS, nos idos de 1930, era de procedência Argentina,
intitulada Mate Amargo. Hoje a rancheira é muito popular como a dança e música
de fandango.Cria-se também no RS, duas variantes de passo para dança de salão,
à moda da fronteiriça (rancheira valseada), e à moda serrana (rancheira
puladinha). Há, ainda, a rancheira de carreirinho, versão do xote carreirinho
e da mazurca. Rancheira
Puladinha ou Serrana Difere da anterior na maneira de
executar os movimentos, sendo puladinha. Ao invés de se bater o 1º passo,
pula-se sobre toda a planta do pé, com todo o peso do corpo, sendo que o 2º e
o 3º movimento são executados quase no mesmo lugar, em mais planta de pé. No caso do desenho ao lado, devemos
executar o passo, da seguinte forma: 1º - Um pulo sobre a planta do pé
com todo o peso do corpo; A
Vanera A origem da Vanera é no ritmo cubano Habanera,
que é como era grafado o ritmo. Da Habanera para atual Vanera, várias modificações
foram feitas, na grafia e no andamento bem mais rápido, para se tornar bailável.
Ao longo de mais de três décadas, os conjuntos de baile gaúchos (fandangos) vêm
desenvolvendo com sua experiência e criatividade vários padrões rítmicos em
seus instrumentos típicos: acordeom, guitarra, baixo, bateria e pandeiro. Quer
em suas apresentações ao vivo ou em suas gravações. A Vanera conquistou um
espaço privilegiado nos bailes gaúchos, sendo hoje, presença marcante e
obrigatória em qualquer Fandango que se preze. O
Vaneirão Também conhecido como limpa banco,
tem o andamento mais rápido do que a Vanera. O Vaneirão presta-se para o
virtuosismo do gaiteiro de gaita piano ou botonera (voz trocada), sendo assim
muitas vezes um tema instrumental. Quanto à forma musical, o vaneirão pode ser
construído em três partes (rondó), utilizado em ritmos tradicionais
brasileiros como o choro e a valsa. O
Xote O Xote gaúcho tem origem no 'schotis'
europeu e sofreu aqui algumas mudanças que são naturais a qualquer manifestação
cultural que tenha migrado de um continente a outro com características
distintas, porém sem perder a essência de seu precursor europeu dotado de
inspiradas melodias. |